domingo, 15 de abril de 2007

Motivo

Um pouco antes da final do BBB 7, Eduardo Valente, do Cinética, publicou um artigo intitulado Por que eu assisto ao Big Brother Brasil?. O artigo apresenta bons argumentos, e vale a pena ser lido em sua íntegra. Abaixo, alguns dos melhores trechos do texto:

Para mim é impressionante pensar no trabalho envolvido no acompanhamento de 40 câmeras e outros tantos microfones, buscando criar uma dramaturgia que simplesmente nunca pára de ser escrita.

Este trabalho de edição é complexo por uma outra série de motivos – sendo o primeiro deles, claro, o fato de que o roteiro não está escrito. Assim, por mais que se deseje manipular o que acontece dentro da casa através de cortes e retiradas de contexto (o que, é importante dizer, não me parece nada de errado – afinal em reality show, as pessoas parecem esquecer que a palavra principal para o programa é show), esta manipulação se dá sempre a posteriori, e sempre pode precisar ser repensada a partir de eventos que aconteçam a seguir.

Esta possibilidade de interpretar a si mesmo (um “eu” consciente do estado de teatro constante em que se encontra) vem junto com uma responsabilidade quase imensurável – afinal, quem conseguiria ser “coerente” (seja lá o que seja isso) a um mesmo personagem 24 horas?

Outra crítica é de que o ócio em que vivem é mau exemplo para o espectador e que sua inacessibilidade ao estudo ou à cultura seria um desserviço da televisão – ora, por mais sensível que eu seja à necessidade de se incentivar o interesse pela educação e cultura, eu não quero ficar assistindo pessoas lendo ou tendo aulas numa tela de TV: uma questão não tem a ver com a outra (assim como as críticas aos personagens por serem “burros” ou “pouco interessantes” falam mais do preconceito, ou hipocrisia, de quem assiste, e da sua pouca capacidade de enxergar interesse em seres humanos ou personagens para além de noções pré-concebidas do que seja a cultura).

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu assisti a algumas edições do programa com maior assiduidade do que a outras, o que me faz pensar que os sete Big Brother's não foram todos iguais, como alguns simplistas gostam de dizer. Esse último e o de número 5, aquele do Jean, da Grazi, da Pink - lembro até os nomes! - foram os que mais gostei e estes sim posso dizer que Assisti, porque o fiz com freqüência considerável. E o que eles têm em comum é essa coisa, e agora a simplista sou eu, de bom x mau, mocinho x bandido, turma do bem x galera do mau, etc. Isso deve acontecer porque é mais fácil dividir o mundo assim: o meu lado e o outro lado. E como eu não vou me colocar do lado negro do espectro, eu serei da coalizão do bem, da verdade, da ética, da beleza, da inteligência e de tudo mais que há de legal nesse mundinho. Os meus amigos e familiares são justamente (e que coincidência) pessoas de bem, o que me faz pensar que eu dei sorte quando nasci. O que é ruim, o que é feio, o que eu desprezo, eu identifico sempre nesse outro grupo no qual os MEUS queridos e eu não estamos incluídos.
E não é só telespectador de Big Brother que pensa assim...

Fábio disse...

Meudeus, mas esse blog está muito popular!

Deve ser por causa do nome

Anônimo disse...

Que bobagem.

Lançar toda crítica à Bildung alheia num mesmo saco de preconceitos é que é a mais ingênua hipocrisia.

Agora a "pouca capacidade de enxergar interesse em personagens" dos críticos pode servir de panacéia para toda crítica a qualquer filme ou qualquer representação teatral? "Porque no fundo tudo é interessante"?

Au contraire, está claro que a discussão se deve mesmo é à pouca capacidade de enxergar desinteresse em personagens do humilhado autor do texto. Felizmente um tal "anything goes" não orienta todo mundo.

Esse artigo tolo aparenta ser apenas um pobre exercício baseado num relativismo hipócrita e ingênuo.

Eu assisto BBB e vi o 7 inteiro, entretanto eu SEI que aquela gente é inculta no que tange à alta cultura.

Se a cultura do cara que escreveu é tão pobre a ponto de nem notar a falta dela em outras pessoas, já não é meu problema. E é essa a vida.

Anônimo disse...

O autor desse texto deveria morrer. Puramente vomitante.

Srta. Ana disse...

Só para esclarecer, não sou eu a autora destes posts anônimos.